Baby Blues e Depressão pós-parto

Este é um tema importante e significativo para muitas mães. Frequente, porém, é pouco diagnosticado devido à cultura de descrédito aos contraditórios sentimentos de melancolia das mamães recentes em detrimento do momento de euforia e alegria que as famílias experimentam com a chegada do bebê. As duas situações, baby blues e depressão pós-parto, envolvem alterações do humor decorrentes de várias modificações orgânicas e psicossociais que a gestação e nascimento de um filho trazem a vida da mulher.

 

Logo na primeira consulta do recém-nascido consigo perceber essas alterações de comportamento nas mamães de meus pacientes, e sempre procuro confortar e explicar as diferença de cada situação, deixando-as cientes que essas alterações emocionais são comuns, desmistificando seus sentimentos e deixando-as mais tranquilas para exorcizá-los.

 

Assim como faço cotidianamente no consultório, vou descrever brevemente cada uma das situações.

 

Baby blues consiste num estado de melancolia que as puérperas, mamães recentes, experimentam nos dias que seguem logo após o parto. Geralmente inicia por volta do terceiro dia e tem duração de média de duas semanas. A mulher se rende a incertezas e medos, decorrentes dos cuidados e responsabilidade perante o filho recém-nascido. Também a estresses físicos oriundos das sequelas do pós-parto, noites mal dormidas, dores nos seios em lactação… Além de alterações hormonais diversas, que em conjunto desestabiliza seu equilíbrio emocional, levando a choro, irritação e sentimentos de angústia.

 

Infelizmente as estatísticas mostram que sua incidência é alta em muitos países, atingindo mais de metade das mães. O tratamento não requer medicação e sim o reconhecimento do fato, além do apoio dos familiares e amigos que deverão auxiliar nos cuidados do bebê a fim de prover mais tempo para que a mãe procure relaxar e descansar. Tal situação não costuma provocar maiores danos à relação afetiva da mãe com seu bebê e, quando dada a devida atenção, tem duração efêmera.

 

Depressão pós-parto já pode ser compreendida como doença e, como tal, requer tratamento e atenção médica e psicológica especializada. Apesar de ser definida como “pós-parto”, em alguns casos costumam aparecer mesmo antes do nascimento dos bebês. Problemas de saúde durante a gravidez e histórico pessoal e familiar de distúrbios psíquicos, como depressão e síndrome de pânico, são comuns por estar associado a essa patologia. Eles servem como sinais de alerta para maior atenção e diagnóstico precoce. Pode ser diferenciada do baby blues pelos sintomas mais profundos de desânimo que costumam estar associados a alterações importantes como anorexia e dores no corpo.

 

Requer tratamento medicamentoso e psicoterapia, e quando negligenciada pode perdurar por alguns anos, quebrando o vínculo afetivo das mães com os filhos, cônjuges e, como consequência, levando a desestruturação familiar.

 

Com essas breves descrições é possível perceber a relevância de cada caso e a necessidade de maior atenção e crédito aos sentimentos da mulher após a maternidade.  Deixando de alerta a importância do bem-estar das mães para o crescimento saudável de seus filhos. Sabendo que o afeto da figura materna é imprescindível para a sustentabilidade emocional da vida adulta de qualquer pessoa.

 

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