Deficiência de ferro: previna seu bebê
Faz parte da rotina de consultório de puericultura a preocupação com o estado nutricional e carências de elementos importantes no equilíbrio das funções orgânicas do corpo das crianças, em franca formação e crescimento. Um dos temas mais abordados diz respeito à deficiência de ferro e a anemia ferropriva, pois esta constitui a deficiência nutricional mais comum em todo o mundo há séculos, o que gera consequências importantes no âmbito da saúde pública.
É bom que se saiba que a deficiência de ferro pode provocar danos mesmo antes de chegar a desencadear anemia (estado em que a concentração de hemoglobina, dentro das hemácias, encontra-se baixa), pois apenas o fato da queda deste elemento no estoque orgânico da criança já é provocador de alterações das funções normais do corpo, podendo causar, por exemplo, déficit de crescimento, redução da capacidade de atenção, apatia, baixa imunidade e distúrbios psicomotores.
O interessante é que diariamente ouço relatos de maus hábitos alimentares ou de equívocos na formação de padrões alimentares que se refletem nos exames, e confirmam a alta prevalência de carência de ferro nas crianças que fazem acompanhamento no consultório. Fato muito preocupante, pois muitos destes problemas não têm correlação com prováveis privações socioeconômicas.
Sabe-se que outras situações também podem levar a depleção de ferro, tais como processos infecciosos e perdas sanguíneas anormais, porém a nutrição inadequada é sim o ponto mais relevante do processo de desencadeamento de deficiência de ferro e anemia.
Dado à alta relevância do fato faz-se necessário o uso de ferro como suplementação profilática e hoje a Sociedade Brasileira de Pediatria a preconiza em duas situações:
1. Para bebês que nasceram sem intercorrências (com tempo gestacional e peso de nascimento adequados) e estão iniciando a introdução de alimentos, deixando de receber leite materno exclusivo. Geralmente, a partir do sexto mês até os dois anos.
2. Prematuros ou bebês que nasceram com baixo peso iniciando a suplementação após o primeiro mês, com uso da dose preconizada dobrada por dois meses. Após esse prazo obedece ao esquema dos demais bebês.
Os bebês que fazem uso de fórmulas lácteas infantis adaptadas não necessitam de suplementação de ferro, pois estes compostos já são enriquecidos e com boa biodisponibilidade deste elemento.
É importante lembrar que o leite de vaca não supre as necessidades orgânicas de ferro, sendo as carnes vermelhas e leguminosas ingeridas com alimentos ricos em vitamina C, como a laranja, limão e tomate, uma combinação perfeita para otimizar a absorção do ferro no organismo.
Ações preventivas contra a carência de ferro envolvem a abordagem nutricional, suplementação medicamentosa, fortificação dos alimentos e prevenção de infecções. Podem parecer etapas difíceis para serem cumpridas, mas fazem muita diferença no produto final quando falamos no desenvolvimento e na formação de indivíduo com todo seu potencial.