Meu filho tem refluxo?

Diariamente me deparo com essa situação no consultório: mães que me questionam, praticamente afirmando, que seus bebês estão com refluxo gástrico. Eu bem as entendo, pois também tive a experiência de ver meu filho regurgitando em praticamente todas as mamadas, e isso sempre foi bem angustiante.

 

Essa sensação de desconforto que a regurgitação do meu filho provocava afetava, porém, apenas a mim. Ele se mantinha tranquilo, levando seu dia a dia feliz, crescendo, engordando e sem crises. Mais uma vez pude sentir na pele a angústia das mamães dos meus bebês do consultório, provocando em mim o desejo ainda maior de confortá-las e passar as informações corretas, para tirar suas dúvidas e tratar de seus filhos da melhor forma possível.

 

Sendo assim, primeiramente temos que saber diferenciar o que é doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e o que é a regurgitação normal, chamada Refluxo Fisiológico. Com isso, já será possível perceber que nem todo refluxo deve ser encarado como doença, e como tal não precisa tratamento específico e rigoroso.

 

Vamos começar falando um pouco de cada situação.

 

Descrevendo o bebê com Refluxo Fisiológico: aquele bebê que em quase todas as mamadas regurgita, frequentemente soluça e não arrota, mas continua ganhando peso, dormindo bem e sem crises de choro diferentes das habituais. Provavelmente ele recebe uma quantidade de leite superior à capacidade gástrica, o chamado “gulosinho”, e ao deitar, sentar ou em qualquer ação que pressione seu abdome, será provocado o refluxo do que tenha ingerido.

 

Descrevendo o bebê com DRGE: é o bebê que regurgita após as mamadas, ou para complicar um pouquinho a situação, nem sempre tem uma regurgitação tão importante (o que chamamos de refluxo oculto) e se mantém constantemente irritado e com crises de choro inconsoláveis, adotando aposição típica de hiperextensão do pescoço. Não ganham peso adequadamente.

 

Em ambas as situações, está envolvida a condição de imaturidade do sistema digestivo, que faz com que a regurgitação esteja mais presente nos primeiros três meses de vida. Desta forma, com o passar do tempo, sempre há uma tendência à melhora. Também para ambas as situações, podemos lançar mão das medidas antirrefluxo para aliviar os sintomas. São elas: elevação da cabeceira do berço, uso de roupas que não apertem a barriguinha do bebê, não chacoalhar o bebê e colocar o bebê para mamar com maior frequência e em intervalos mais curtos para possibilitar a diminuição do volume de cada mamada.

 

Na DRGE há, contudo, uma série de fatores fisiopatológicos envolvidos, desde a prematuridade a processos alérgicos alimentares, necessitando de maior atenção e acompanhamento rigoroso com pediatra, que provavelmente utilizará tratamento farmacológico e medidas especiais.

 

Agora para as mamães de bebês com Refluxo Fisiológico, recomendo que usem muitos lencinhos, fraldas de pano e babadores, além de não se importarem mais com suas roupas sujas de leite azedo.  O importante é que estejam tranquilas e cientes de que essa é apenas uma fase e que seus bebês não ficarão prejudicados por isso.

 

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