Tempo seco e a saúde de nossas crianças

Estamos passando por um período de baixa umidade do ar e hoje vou falar um pouco sobre o tempo seco e suas principais consequências para a saúde das crianças.

 

Novamente venho relatar uma situação que se repete no meu dia a dia de consultório e de mãe. Vejo com meus pacientes e meus filhos, nos últimos dias, elevação da incidência de problemas de saúde que estão intimamente relacionados ao clima em que vivemos.

 

No meu cotidiano sempre dito uma frase que muitas mães já sabem de cor: “o organismo, como um todo, deve estar bem hidratado para se manter sadio”. Entendo que essa condição de hidratação é primordial para a manutenção do equilíbrio de cada órgão e tecido de nosso corpo. Sabendo disso, procuro explicar as razões de tantos sintomas que sempre se repetem na estação de seca e busco, por meio das orientações adequadas, uma ação preventiva e efetiva contra as doenças mais prevalentes dessa época.

 

O ressecamento faz com que se quebrem as barreiras de proteção das células e instale um processo inflamatório naqueles indivíduos mais sensíveis aos danos. As crianças pequenas possuem a imunidade ainda baixa, o que faz delas um grupo naturalmente mais frágil.

 

Neste tempo, o nosso corpo reage aumentando o comando de ingestão de líquidos e assim conseguimos manter uma adequada hidratação, porém, alguns órgãos e tecidos estão diretamente expostos a esse ar seco, e por isso tornam-se vulneráveis quando negligenciados os devidos cuidados.

 

Os locais de maior exposição ao ar são a pele, as vias aéreas (das narinas aos pulmões), os olhos, cabelos, unhas e lábios. Estando aí as duas principais razões que hoje enche os consultórios: as doenças respiratórias e dermatológicas.

 

Vou aqui descrever rapidamente cada uma:

 

As Doenças respiratórias podem se dividir em duas condições, sendo a mais comum o acometimento de vias aéreas superiores. Ela compromete principalmente a mucosa de narinas, faringe e amígdalas. E a segunda condição, menos frequente, é o acometimento das vias aéreas inferiores: os pulmões. Elas possuem clínicas semelhantes, principalmente quando a tosse está presente. Mas há sintomas específicos que podemos usar para distinguir o local onde está instalada a doença.

 

Na rinite, a mais prevalente, observamos com maior frequência a coriza, obstrução nasal com ronco, além de tosse, espirros e pigarro. Os bebês, particularmente, ficam cansados e vomitam ao mamar, pois não conseguem respirar adequadamente pelas narinas. Na amigdalite há uma queixa de dor local, dificuldade a ingestão de alimentos e também, nas crianças pequenas, pode se manifestar com náuseas e vômitos.

 

Já na Faringite, também muito prevalente nesse tempo de seco, manifesta-se a tosse seca, que muitos chamam de “tosse de cachorro”. Nas bronquites observamos a tosse secretora (úmida), frequência respiratória aumentada, e “chiado” fino na expiração.

 

Todas essas são processos inflamatórios oriundos da agressão ao tecido pelo ar seco e inadequada hidratação dos mesmos. Observamos piora dos sintomas durante as noites, e o uso de umidificadores, vaporização com inaladores e soro em narinas levam a uma melhora significativa.

 

 

As doenças dermatológicas se apresentam como ressecamento de pele, unhas, cabelos e lábios. Observamos sintomas como coceira, as famosas impinges, manchas esbranquiçadas e eczemas, principalmente nos membros e face.

 

Faz necessário o uso de sabonetes neutros com boa ação hidratante, sempre recomendo os glicerinados. Para a pele e cabelos deve-se dar preferência ao uso de loções hidratantes farmacológicas ou cosméticos dermatologicamente testados e aprovados. Também é importante lembrar às mães que dão vários banhos por dia nos seus bebês que os ensaboem apenas uma vez ao dia, ou o mínimo necessário, para se retirar os resíduos de sujeira.

 

Lembrando que a pele ressecada está mais predisposta a processos infecciosos (como as micoses), assim como nas vias respiratórias pode haver evolução de uma bronquite para pneumonia, por exemplo.

 

Enquanto a umidade do ar não apresentar melhora fica o alerta para as mães e cuidadores aos riscos de prejuízos à saúde das crianças. Cientes dos cuidados especiais para hidratar o corpo como um todo, conseguimos manter nossos filhos mais fortes e preparadas para se defenderem dos processos infecciosos secundários e doenças sazonais que se aproveitam dos danos de tecidos secos e fragilizados.

 

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